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Com padrinhos medalhistas olímpicos, equipe brasileira de vela para o Rio 2016 é apresentada

Em evento no Morro da Urca, diante da Baía de Guanabara, os quinze atletas que vão disputar os Jogos ganharam mais inspiração para o ano que vem.

O cenário deslumbrante do alto do Morro da Urca, com a Baía de Guanabara em destaque, foi o local escolhido para a apresentação oficial, nesta segunda-feira (21.12), da equipe brasileira de vela que vai disputar os Jogos Olímpicos Rio 2016. Se não bastasse a beleza da paisagem, tão conhecida pelos velejadores, foi também um momento de relembrar as conquistas da modalidade, de homenagear os grandes nomes da vela e, no caso dos atletas, de se inspirar ainda mais para a Olimpíada em casa. Cada medalhista recebeu um troféu e cada velejador da equipe de 2016 ganhou padrinhos que já subiram ao pódio nos Jogos.

“Eu gostei muito dessa homenagem, é super importante resgatar a memória do esporte, a gente tem uma tradição enorme e é muito bom ver que eles torcem por nós”, disse Patrícia Freitas, representante do Brasil na classe RS:X e que foi apadrinhada por Marcos Soares, ouro em Moscou 1980 na classe 470 masculina, junto com Eduardo Penido.

Em uma pequena vitrine, de frente para o Pão de Açúcar, a maior parte das 17 medalhas olímpicas conquistadas por velejadores estava exposta. A coleção encantou atletas como Fernanda Decnop, que disputará sua primeira edição dos Jogos em 2016, na classe Laser Radial.

“Ver essas medalhas naquela vitrinezinha, ver todos esses ídolos aqui em volta é muito inspirador. Você vê que são pessoas normais que puderam chegar lá, e isso mostra que a gente também pode chegar. Já é uma honra poder estar na Olimpíada, mas do início ao fim eu vou brigar, dando o meu melhor”, disse a velejadora.

E foi exatamente de luta incansável que o medalhista olímpico Lars Grael falou à equipe. “A vela tem muitas variáveis, o vento, a maré, a correnteza . E mesmo quem não é considerado com mais probabilidade (de ganhar medalha), não é pra se contentar em só chegar à Olimpíada. Todos vocês têm obrigação de lutar pelo pódio até a última regata”, disse.

Inspiração em família

Lars também lembrou as dificuldades que enfrentaram os velejadores do passado com falta de apoio ao esporte, e ressaltou a união de juventude e experiência da atual equipe, que tem talentos como a própria sobrinha Martine Grael, representante brasileira da classe 49er FX junto com Kahena Kunze, ambas estreantes em Olimpíadas, e Robert Scheidt, velejador com cinco pódios olímpicos e que disputará a sexta edição de Jogos, desta vez na classe Laser.

Para Martine Grael, exemplos não faltam ao redor. Além do tio Lars, o pai Torben Grael - coordenador técnico da Confederação Brasileira de Vela - tem nada menos do que cinco medalhas em Jogos, sendo considerado um dos velejadores mais completos do mundo. Os familiares agora também são padrinhos da atleta, e o discurso de Lars emocionou Martine.

“Sempre que ele fala eu fico emocionada. Ele fala muito bem e tem tanta experiência, sempre acho interessante escutar um pouquinho. Achei super legal que ele é meu padrinho junto com o meu pai, eles são uma enciclopédia da vela e eu adoro pedir conselhos para eles, escutá-los falando. É inspirador”, disse.

“É se espelhar nisso, tirar a parte boa de cada um. Ídolo geralmente é uma pessoa só, eu costumo formar um caráter fictício, junto um pouco de todos os atletas que eu gosto muito, como o Robert (Scheidt), pela dedicação física e pela disciplina extraordinária, e meu pai (Torben Grael), pelo trabalho que ele fez nas diferentes classes da vela, é um cara muito completo”, acrescentou o irmão Marco Grael, também classificado para os Jogos Rio 2016 na classe 49er, junto com Gabriel Borges.

Robert:  passado, presente e futuro

“Não sei se fico no local para os medalhistas olímpicos ou entre os classificados para o Rio 2016”, brincou Robert Scheidt, quando foi chamado para se sentar junto com os outros homenageados.  As cinco medalhas, incluindo dois ouros, são motivo de orgulho para o velejador, mas ele prefere olhar pra frente.

“Eu tenho muito orgulho do meu passado, eu sei que conquistei coisas muito grandiosas, mas isso não faz com que eu relaxe. Pelo contrário, tenho lenha pra queimar, tenho mais uma Olimpíada dentro de mim e é nisso que eu penso hoje em dia. Cada medalha tem uma história, o Bruno Prada está aqui hoje, meu parceiro em dois Jogos Olímpicos, mas tem que viver o presente e projetar o futuro”, disse, em referência à parceria feita em Pequim 2008 e Londres 2012, na classe Star.

Scheidt foi apadrinhado pelos primeiros medalhistas de ouro da vela brasileira, Alex Welter e Lars Bjorkström, feito de  Moscou 1980, na classe Tornado. Welter teve um papel marcante na infância de Scheidt.

“Quando ele voltou  dos Jogos e desfilou no Corpo de Bombeiros, toda a comunidade, os sócios do clube (Yacht Club Santo Amaro) estavam esperando o carro entrar no clube. Eu estava lá e foi muito emocionante ver ele chegando com a medalha de ouro. Foi quando eu comecei a entender que aquilo é muito especial. Depois pedi um autógrafo pra ele e guardei. Ficou sendo meu primeiro ídolo esportivo”, relembrou.

Robert chega ao Rio 2016 em uma condição diferente das outras cinco edições que disputou, mas o objetivo continua sendo crescer a coleção de medalhas. “Talvez seja a primeira olimpíada em que eu não chego como favorito. Alguém vai se sentir mais favorito do que eu e a responsabilidade passa um pouco pra outro lado, mas no fundo eu sei que tenho chance de brigar. Ninguém sai com vantagem de ponto antes da competição, então está tudo zero a zero. Quando você entrar de corpo e alma em uma campanha como essa, você quer o pódio. Minha meta é essa, independentemente da cor da medalha”, disse. 

Conheça a equipe brasileira de vela para o Rio 2016, por classe:

Laser: Robert Scheidt (padrinhos: Alex Welter e Lars Bjorkström)
Laser Radial: Fernanda Decnop (padrinho: Ronaldo Senfft)
49er: Marco Grael e Gabriel Borges (padrinhos: Torben Grael e Nelson Falcão)
49erFX: Martine Grael e Kahena Kunze (padrinhos: Torben Grael, Lars Grael e Daniel Adler)
Finn: Jorge Zarif (padrinhos: Bruno Prada e Peter Ficker)
470 feminina: Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan (padrinhos: Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes)
470 masculina: Henrique Haddad e Bruno Bethlem (padrinhos: Eduardo Penido e Kiko Pelicano)
Nacra 17: Samuel Albrecht e Isabel Swan (padrinhos: Lars Grael e Clinio de Freitas)
RS:X feminina: Patricia Freitas (padrinho: Marcos Soares)
RS:X masculina: Ricardo Winicki, o Bimba (padrinho: Marcelo Ferreira)